Apneia, Ronco e Distúrbios do Sono: Quando o Sono Deixa de Ser Reparador

Você acorda cansado, com a sensação de que “dormiu, mas não descansou”? Alguém já te disse que você ronca alto ou parece “parar de respirar” durante a noite? Pode parecer só um incômodo – mas isso pode ser sinal de um distúrbio do sono que afeta muito mais do que o seu descanso: afeta sua saúde como um todo.

Por que dormir bem é tão importante?

O sono não é apenas um “descanso” do corpo. Durante o sono, o cérebro reorganiza memórias, consolida aprendizados, regula hormônios e promove a recuperação dos órgãos. Dormir mal pode afetar seu humor, memória, imunidade, coração e até o seu peso. Estudos mostram que distúrbios do sono aumentam o risco de hipertensão, infarto, AVC, depressão, obesidade e até acidentes no trânsito.


Ronco e Apneia Obstrutiva do Sono: o que você precisa saber

O que é a Apneia?

A síndrome apneia/hipopneia obstrutiva do sono (SAHOS) é uma condição em que as vias respiratórias se fecham parcial ou totalmente durante o sono, impedindo a passagem do ar. Isso gera ronco alto, pausas na respiração e microdespertares frequentes – que você nem sempre percebe.

A consequência? Um sono fragmentado, superficial e não reparador.

Sintomas comuns:

  • Ronco alto e frequente
  • Pausas na respiração durante o sono (muitas vezes percebidas por outra pessoa)
  • Sonolência durante o dia
  • Cansaço constante
  • Dor de cabeça matinal
  • Irritabilidade, queda na concentração e memória
  • Noctúria (acordar várias vezes para urinar)
  • Hipertensão de difícil controle

Fatores de risco:

Existe um mnemônico que ajuda a lembrar: PROLATIM

  • P – Pescoço grosso (homens > 43cm; mulheres > 40cm)
  • R – Retrognatia (queixo retraído)
  • O – Obesidade (cada 10% de aumento no peso, risco sobe até 6x)
  • L – Língua grande (macroglossia)
  • A – Acromegalia
  • T – Tonsilas (amígdalas aumentadas)
  • I – Idade (acima de 50-60 anos)
  • M – Masculino (3x mais comum em homens)

🧪 Como é feito o diagnóstico?

O exame de escolha é a polissonografia — que monitora seu sono durante a noite em uma clínica especializada (ou, em alguns casos, em casa). Ela avalia:

  • Número de apneias/hipopneias por hora (índice AHI)
  • Nível de oxigênio no sangue
  • Batimentos cardíacos
  • Qualidade das fases do sono

A partir disso, classifica-se a apneia como:

  • Leve (AHI de 5 a 15)
  • Moderada (AHI de 15 a 30)
  • Grave (AHI > 30)

💡 E o tratamento?

O tratamento depende da gravidade e da causa:

  • Redução de peso: essencial em todos os casos.
  • CPAP: aparelho que envia ar sob pressão para manter as vias aéreas abertas (padrão-ouro nos casos moderados/graves).
  • Dispositivos intraorais: usados em casos leves, mantêm a mandíbula em posição adequada.
  • Mudança de posição: evitar dormir de barriga para cima, com a cara “enfiada no colchão/travesseiro” ou com vários travesseiros que tornam a posição inadequada.
  • Cirurgia: em casos bem selecionados (ex: uvulopalatofaringoplastia).

😬 E se for “só” um ronco?

Nem todo ronco é apneia, mas todo ronco alto e frequente merece avaliação. Em muitos casos, ele é um sinal de obstrução parcial da via aérea – o que já prejudica a oxigenação e o descanso cerebral.


Outros distúrbios que merecem atenção

🧠 Insônia

Ter dificuldade para dormir, acordar muitas vezes ou acordar muito cedo são sinais de insônia. Quando ocorrem mais de 3 vezes por semana, por mais de 3 meses, e atrapalham sua rotina, é hora de buscar ajuda.

A melhor estratégia? Terapia cognitivo-comportamental. Evite o uso crônico de remédios para dormir — muitos deles atrapalham a qualidade real do sono. E só use com indicação médica.

🦵 Síndrome das Pernas Inquietas

É a sensação incômoda nas pernas ao deitar, que só melhora com o movimento. Pode estar associada à falta de ferro, ansiedade ou uso de certos remédios.

😨 Parassonias

Sonambulismo, pesadelos, paralisia do sono ou comportamentos anormais durante a noite fazem parte desse grupo. Muitos são benignos, mas alguns podem indicar distúrbios neurológicos como a doença de Parkinson.


✋ Quando procurar ajuda?

Procure um médico (clínico, otorrino, neurologista ou especialista em medicina do sono) se você:

  • Ronca alto ou tem pausas na respiração durante o sono
  • Acorda muito cansado
  • Tem sonolência excessiva durante o dia
  • Sofre com insônia ou movimentos involuntários à noite
  • Já foi diagnosticado com hipertensão de difícil controle, arritmia ou insuficiência cardíaca

🧭 Conclusão

Dormir mal não é normal. Não aceite como “parte da rotina” aquilo que está roubando sua saúde silenciosamente.

O sono é um dos pilares da saúde. Cuidar do sono é cuidar do coração, do cérebro, do humor, da produtividade e da vida como um todo.

Se você acha que roncar “é normal”, talvez seja hora de rever isso com um especialista.

Este conteúdo é informativo e não substitui uma consulta médica individualizada com seu médico de confiança!

Gostou do conteúdo? Compartilhe:

Facebook
Twitter
Telegram
WhatsApp

Este post foi escrito por:

Picture of Dr. Guilherme Afonso

Dr. Guilherme Afonso

Olá, sou o Dr. Guilherme Afonso, médico há mais de 7 anos, com título de especialista em Clínica Médica pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica e Associação Médica Brasileira. Ao longo da minha trajetória, dediquei-me a proporcionar um atendimento humanizado e integral, com foco em prevenção e tratamento das mais diversas condições de saúde. Além da medicina, estou me graduando em Nutrição, o que amplia minha visão sobre cuidados com a saúde e bem-estar dos meus pacientes.

Picture of Dr. Guilherme Afonso

Dr. Guilherme Afonso

Olá, sou o Dr. Guilherme Afonso, médico há mais de 7 anos, com título de especialista em Clínica Médica pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica e Associação Médica Brasileira. Ao longo da minha trajetória, dediquei-me a proporcionar um atendimento humanizado e integral, com foco em prevenção e tratamento das mais diversas condições de saúde. Além da medicina, estou me graduando em Nutrição, o que amplia minha visão sobre cuidados com a saúde e bem-estar dos meus pacientes.