Respirar bem é um direito – entender a asma é o primeiro passo para retomá-lo!


🔍 O QUE É A ASMA?

A asma é uma doença crônica (sem cura) que “inflama os pulmões“, tornando as vias aéreas (os “canudinhos” por onde passa o ar) mais estreitas e sensíveis. Ela pode ter longos períodos de melhora e praticamente ausência ou não percepção de sintomas: mas, não, não tem cura! Não, nem com “xarope de coração de bananeira” da sua avó… infelizmente.

Essa inflamação causa episódios recorrentes de:

  • Chiado no peito (sibilância)
  • Falta de ar (dispneia)
  • Tosse seca ou com catarro
  • Sensação de aperto ou peso no peito

Esses sintomas podem aparecer e desaparecer, e são mais comuns à noite, de madrugada ou após exposição a “situações (exemplo: frio) e coisas (exemplo: poeira) que causam crises” ou mesmo esforço físico

📘 Fonte: Global Initiative for Asthma (GINA), 2024
📘 Global Burden of Disease, 2023


⚙️ O QUE ACONTECE NO PULMÃO COM ASMA?

Imagine que os brônquios (os tubos de ar) sejam ruas. Na asma, essas ruas ficam:

  • Mais apertadas (contraídas)
  • Cheias de muco (catarro)
  • Com as paredes inflamadas

Essa combinação dificulta a passagem do ar. Isso acontece por reações do sistema imunológico, com células de defesa (como eosinófilos e mastócitos) liberando substâncias inflamatórias.

Existem casos em que a asma não é causada por alergia, mas sim por outros tipos de inflamação, o que torna o tratamento um pouco diferente.

📘 Wenzel SE. Nat Med. 2012


📈 QUEM TEM ASMA?

  • A asma atinge mais de 300 milhões de pessoas no mundo
  • É comum em crianças, mas pode surgir na vida adulta (inclusive idosos).
  • Pode causar falta em escola, trabalho e até internações hospitalares

📘 WHO. Asthma Key Facts, 2024


🧪 COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?

O médico suspeita de asma quando a pessoa tem sintomas como tosse, chiado e falta de ar que pioram com esforço, frio, poeira ou durante a noite.

Além disso, alguns exames ajudam a confirmar:

  • Espirometria: mede a quantidade e a velocidade do ar que você sopra
  • Teste com broncodilatador: mostra se o pulmão melhora depois de um remédio
  • Teste do pico de fluxo: avalia a variação da função pulmonar no dia a dia
  • Exame de alergia ou de IgE: pode mostrar se a causa tem fundo alérgico

🧬 TIPOS DE ASMA (FENÓTIPOS)

Nem toda asma é igual. Os tipos incluem:

  • Asma alérgica: ligada a poeira, pelos, pólen e outros alérgenos (com IgE alta)
  • Asma eosinofílica: mais comum em adultos, mesmo sem alergia
  • Asma induzida por exercício: falta de ar ao fazer esforço
  • Asma ocupacional: causada por produtos do ambiente de trabalho
  • Asma com obesidade: agravada por inflamação e peso abdominal
  • Asma mais grave e resistente: pode ter inflamação por neutrófilos

📘 GINA 2024; Martinez FD. N Engl J Med. 2009


🟡 GRAVIDADE DA ASMA

A gravidade da asma não é definida pelos sintomas no momento, mas sim pelo tipo e quantidade de tratamento necessário para manter a doença sob controle:

  • Leve:
    A asma fica controlada com o uso de doses baixas de corticoide inalatório (CI), usado sozinho ou junto com broncodilatador de ação rápida ou formoterol sob demanda.
  • Moderada:
    A pessoa precisa de uma dose média de CI combinada com um remédio broncodilatador de longa duração (como formoterol ou salmeterol) todos os dias.
  • Grave:
    Mesmo usando doses altas de CI e outros remédios de manutenção (como broncodilatadores e tiotrópio), a pessoa continua com sintomas frequentes ou crises. Pode ser necessário usar medicamentos biológicos injetáveis ou corticoide oral.

🧠 Importante: A gravidade pode mudar com o tempo. Por isso, é fundamental o acompanhamento médico regular para ajustar o tratamento conforme a resposta.

📘 Fonte: GINA 2024 – Global Initiative for Asthma


📉 TRATAMENTO DA ASMA – GINA 2024

🎯 Objetivos do tratamento

  • Controlar os sintomas no dia a dia
  • Reduzir o risco de crises (exacerbações), internações e morte
  • Evitar que os pulmões sofram lesões ao longo do tempo
  • Melhorar a qualidade de vida

Etapas do tratamento (Stepwise Approach)

A GINA propõe cinco passos progressivos, adaptando o tratamento conforme a gravidade dos sintomas e o controle da doença. A lógica é: começar com o mínimo necessário e aumentar apenas se for preciso.

EtapaTratamento Principal (Opção Recomendada)Alternativa (se não for possível usar a principal)
1CI-formoterol sob demanda (ex: budesonida-formoterol) — usado só quando tiver sintomasSABA (ex: salbutamol) sob demanda + CI de baixa dose em uso ocasional
2CI diário em baixa dose + SABA sob demanda ou CI-formoterol sob demandaCI + antileucotrieno (ex: montelucaste)
3CI em dose baixa + LABA diário (ex: budesonida-formoterol ou fluticasona-salmeterol)CI em dose média ou alta isolado
4CI em dose média a alta + LABA ± tiotrópio (LAMA)Associar antileucotrieno ou considerar roflumilaste (em casos específicos)
5Encaminhar para especialista. Avaliar uso de biológicos (omalizumabe, mepolizumabe, dupilumabe etc), tiotrópio, ou corticoide oral (último recurso)Investigar asma não controlada por outras causas (aderência, técnica, comorbidades)

🗒️ CI = Corticoide inalatório
LABA = β2-agonista de longa duração
LAMA = antimuscarínico de longa duração
SABA = β2-agonista de curta duração


❗ Destaques importantes:

  • A GINA 2024 não recomenda mais o uso isolado de SABA (ex: salbutamol) — o tratamento atual prioriza controlar a inflamação desde o início, mesmo nos casos leves.
  • O uso de CI-formoterol sob demanda é o regime preferencial para a maioria dos pacientes, pois trata tanto os sintomas quanto a inflamação de base.
  • Se a asma não estiver controlada, o tratamento não deve apenas subir de etapa — deve-se sempre revisar se:
    • A pessoa está usando o remédio corretamente
    • Há aderência ao tratamento
    • Existem gatilhos não identificados (mofo, tabaco, obesidade, rinite)

📘 GINA 2024 Strategy Report: www.ginasthma.org


💉 TRATAMENTOS BIOLÓGICOS (CASOS GRAVES DE ASMA)

Algumas pessoas com asma grave não melhoram mesmo usando as bombinhas corretas todos os dias. Nesses casos, existem remédios mais modernos, chamados biológicos, que são aplicados por injeção (subcutânea) e agem diretamente na inflamação do pulmão.

💊 Nome do remédio📌 Indicação principal
OmalizumabePara quem tem asma alérgica e níveis altos de IgE (tipo de anticorpo ligado a alergias).
MepolizumabePara quem tem eosinófilos altos no sangue (tipo de célula inflamatória comum em algumas asmas graves).
BenralizumabeParecido com o Mepolizumabe, também reduz eosinófilos, mas com efeito mais rápido e direto.
DupilumabeAtua em outros tipos de inflamação alérgica, especialmente em quem tem também dermatite atópica ou rinite crônica grave.
TezepelumabePode ser usado mesmo quando os exames não mostram inflamação típica — ideal para casos mais difíceis de classificar.

💡 Esses remédios são usados apenas em casos selecionados, quando os tratamentos comuns não controlam a doença. Sempre devem ser prescritos por um especialista.

📘 Fonte: Castro M et al. Efficacy of biologics in asthma. Lancet Respir Med. 2022


🧠 CUIDADOS IMPORTANTES NO DIA A DIA

  • Evitar gatilhos como poeira, fumaça, mofo, cheiros fortes, vírus e alguns remédios
  • Usar o inalador corretamente (com espaçador sempre que possível)
  • Ter um plano de ação por escrito: o que fazer se piorar?
  • Acompanhar com o médico mesmo quando está tudo bem
  • Não abandonar o tratamento só porque está sem sintomas!

⚠️ CUIDADOS ESSENCIAIS – O QUE NÃO FAZER

  • Não usar só a “bombinha azul” (SABA), como o salbutamol, sem controlar a inflamação – Inclusive hoje é considerado “tratamento incorreto” usar apenas Salbutamol.
  • Não usar o inalador de qualquer jeito: a técnica errada faz o remédio não funcionar
  • Não achar que a asma “passou” porque sumiram os sintomas — a inflamação pode estar lá, escondida

📘 Suissa S. Eur Respir J. 2008

Este conteúdo é informativo e não substitui uma consulta médica individualizada com seu médico de confiança.

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Dr. Guilherme Afonso

Olá, sou o Dr. Guilherme Afonso, médico há mais de 7 anos, com título de especialista em Clínica Médica pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica e Associação Médica Brasileira. Ao longo da minha trajetória, dediquei-me a proporcionar um atendimento humanizado e integral, com foco em prevenção e tratamento das mais diversas condições de saúde. Além da medicina, estou me graduando em Nutrição, o que amplia minha visão sobre cuidados com a saúde e bem-estar dos meus pacientes.

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Dr. Guilherme Afonso

Olá, sou o Dr. Guilherme Afonso, médico há mais de 7 anos, com título de especialista em Clínica Médica pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica e Associação Médica Brasileira. Ao longo da minha trajetória, dediquei-me a proporcionar um atendimento humanizado e integral, com foco em prevenção e tratamento das mais diversas condições de saúde. Além da medicina, estou me graduando em Nutrição, o que amplia minha visão sobre cuidados com a saúde e bem-estar dos meus pacientes.