Câncer de Cólon: Entenda os Riscos e Como se Prevenir

Câncer Colorretal: O Que Você Precisa Saber para Prevenir e Diagnosticar Precocemente

Nos últimos dois anos, tenho diagnosticado com frequência pólipos pré-cancerosos no intestino grosso (o cólon) de pacientes entre 30 e 45 anos. Essa tendência preocupante em pessoas mais jovens me motivou a compartilhar informações fundamentais sobre uma doença que pode ser, em grande parte, prevenida: o câncer colorretal.

Trata-se de um dos tumores malignos mais letais no mundo — mas, felizmente, quando identificado precocemente, é altamente tratável. E o melhor: em muitos casos, ele pode ser evitado com medidas simples, estilo de vida saudável e exames de rastreamento realizados no momento certo.


📈 Um Alerta: O Câncer de Cólon Está Acometendo Pessoas Cada Vez Mais Jovens

Estudos revelam um aumento significativo nos casos entre adultos jovens, o que tem despertado alerta na comunidade médica internacional.

De acordo com o National Cancer Institute (EUA) e com a American Cancer Society, houve um aumento superior a 50% na incidência de câncer colorretal em pessoas com menos de 50 anos nas últimas duas décadas. Esse aumento foi tão expressivo que motivou a USPSTF (U.S. Preventive Services Task Force) a antecipar sua recomendação oficial de início do rastreamento de 50 para 45 anos, mesmo para pessoas assintomáticas e sem histórico familiar.

📊 Segundo a American Cancer Society (2023):

  • 1 em cada 5 novos casos de câncer colorretal ocorre em pessoas com menos de 55 anos.
  • A mortalidade entre adultos jovens com a doença vem aumentando desde 2004, ao contrário do declínio observado nas faixas etárias mais velhas.

🔬 Os possíveis fatores envolvidos incluem:

  • Dietas ricas em ultraprocessados e pobres em fibras;
  • Obesidade e sedentarismo desde a juventude;
  • Processos inflamatórios intestinais silenciosos e persistentes, bem como disbioses.

Essa tendência não significa pânico, mas exige consciência e ação preventiva. Saber seu histórico familiar, manter hábitos saudáveis e realizar exames no tempo certo pode fazer toda a diferença.


📊 Câncer Colorretal no Brasil: O Que Mostram os Dados

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), para o triênio 2023–2025, o câncer colorretal é o terceiro mais incidente no Brasil entre homens e mulheres (excluindo câncer de pele não melanoma). A estimativa é de:

  • 21.970 casos novos/ano em homens;
  • 23.660 casos novos/ano em mulheres;
  • Totalizando 45.630 casos novos por ano.

📍 Nas regiões Sul e Sudeste, porém, o câncer colorretal já ocupa a segunda posição em incidência, tanto entre homens quanto mulheres, o que reforça a importância regional do rastreamento.


✅ Diretrizes de Prevenção e Rastreamento: O Que Dizem as Entidades Mais Respeitadas

As orientações a seguir são embasadas nas diretrizes atualizadas das principais organizações nacionais e internacionais.

🔹 1. USPSTF – 2021

  • Rastreamento de rotina recomendado para adultos entre 45 e 75 anos, mesmo sem sintomas ou histórico familiar. Em casos de alto risco (história familiar, DII, síndromes genéticas), as recomendações são diferentes e individualizadas.
  • Métodos aceitos:
    • Colonoscopia a cada 10 anos (padrão ouro);
    • FIT ou gFOBT (sangue oculto nas fezes): anual;
    • Teste de DNA fecal: a cada 1–3 anos;
    • Sigmoidoscopia flexível: a cada 5 anos (ou combinada com FIT a cada 10 anos);
    • Colonografia por tomografia (TC): a cada 5 anos.

🔹 Recomendações:

  • Nível A (fortemente recomendado): 50–75 anos;
  • Nível B (moderadamente recomendado): 45–49 anos.

🔗 Fonte: U.S. Preventive Services Task Force (2021)


🔹 2. American Cancer Society (ACS) – 2018

  • Início do rastreamento: 45 anos, para risco médio.
  • Rastreio até os 75 anos.
  • Após os 75 anos, decisão individualizada conforme estado de saúde e expectativa de vida.

🔗 Fonte: Wolf AMD et al. CA Cancer J Clin. 2018;68(4):250–281


3. 🔹 U.S. Multi-Society Task Force on Colorectal Cancer – Diretriz de 2021

A USMSTF recomenda o início do rastreamento aos 45 anos para adultos com risco médio de câncer colorretal, acompanhando as orientações da USPSTF e ACS.

Para indivíduos com risco aumentado, como histórico familiar significativo:

  • Início aos 40 anos ou 10 anos antes do diagnóstico do familiar mais jovem (o que vier primeiro);
  • Intervalo de rastreamento: geralmente a cada 5 anos.

Para alto risco genético ou inflamatório:

  • Doença inflamatória intestinal extensa: iniciar de 8 a 10 anos após o início da colite;
  • Síndromes genéticas (Lynch, PAF): iniciar entre 20–25 anos, conforme tipo de mutação;
  • Rastreios anuais ou bienais são recomendados nesses casos.

🔗 Fonte: Rex DK et al. Gastroenterology. 2021;161(2):478–498.


4.🔹 INCA e Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP)

No Brasil, o rastreio do câncer colorretal em indivíduos de risco médio é oficialmente recomendado a partir dos 50 anos, conforme as diretrizes vigentes do INCA e da SBCP.

Entretanto, entidades como a Sociedade Brasileira de Coloproctologia reconhecem o aumento da incidência em adultos mais jovens e discutem a possibilidade de antecipação para 45 anos, seguindo modelos internacionais (ACS, USPSTF).

A colonoscopia é considerada o exame preferencial, por permitir não apenas a detecção precoce de lesões, mas também a remoção imediata de pólipos adenomatosos, prevenindo o desenvolvimento do câncer.

🔗 Fontes: INCA – Estimativas 2023–2025; SBCP – Diretrizes e publicações oficiais


🧬 Fatores de Risco Mais Relevantes

  • Idade acima de 45 anos;
  • Histórico familiar de câncer colorretal;
  • Dieta pobre em fibras e rica em carnes processadas;
  • Obesidade e sedentarismo;
  • Tabagismo e álcool;
  • Doenças inflamatórias intestinais (Retocolite Ulcerativa, Doença de Crohn);
  • Síndromes genéticas, como Síndrome de Lynch e Polipose Adenomatosa Familiar.

🍎 Como Prevenir o Câncer de Cólon e Reto

O câncer colorretal é considerado um dos tumores mais preveníveis por meio de mudanças no estilo de vida, alimentação equilibrada e rastreamento adequado. A prevenção pode ser primária (evitar que ocorra) ou secundária (detectar precocemente lesões iniciais).


1. Dieta rica em fibras

  • Frutas, vegetais, grãos integrais e leguminosas favorecem o trânsito intestinal, reduzem inflamação e diluem carcinógenos no lúmen intestinal.
  • Cada 10g adicionais de fibra alimentar por dia está associado a uma redução de até 10% no risco de câncer colorretal (WCRF/AICR, 2023).

2. Reduzir o consumo de carne processada e vermelha

  • O consumo frequente de embutidos (bacon, salsicha, presunto) está classificado pela OMS como carcinogênico grupo 1.
  • Carnes vermelhas em excesso também aumentam o risco, especialmente quando grelhadas, defumadas ou fritas em alta temperatura.

🏃‍♂️ 3. Atividade física regular

  • Ao menos 150 minutos por semana de atividade física aeróbica moderada, ou 75 minutos de intensidade vigorosa.
  • A prática reduz o risco tanto por vias hormonais (resistência à insulina) quanto por efeitos anti-inflamatórios.

⚖️ 4. Manter o peso corporal saudável

  • A obesidade abdominal (medida por circunferência da cintura ou razão cintura-quadril) está associada a maior risco de adenomas e câncer invasivo.

🚭 5. Evitar tabagismo e álcool

  • O tabagismo aumenta o risco tanto de pólipos quanto de adenocarcinoma colorretal.
  • O consumo crônico e excessivo de álcool (mesmo em doses moderadas) está ligado ao risco aumentado, especialmente em homens.

💊 6. Medicamentos e suplementos: o que a ciência diz

🔸 Aspirina em baixa dose

  • Estudos sugerem efeito protetor contra câncer colorretal em longo prazo, especialmente em pessoas com risco cardiovascular elevado.
  • PORÉM, a USPSTF (2022) retirou a recomendação de uso rotineiro da aspirina para prevenção primária, devido ao risco de sangramentos.
    → A decisão deve ser individualizada, com avaliação risco/benefício.

🔸 Vitamina D e Cálcio

  • Evidências inconclusivas quanto ao papel protetor direto.
  • Suplementação não é recomendada como estratégia isolada para prevenção do câncer colorretal.

🔸 Outros compostos estudados (em contexto experimental):

  • Ácido fólico, magnésio, probióticos e compostos antioxidantes estão em estudo, mas ainda sem recomendações formais.

🩺 Conclusão

O câncer colorretal é silencioso em sua fase inicial, mas extremamente tratável quando detectado a tempo. A colonoscopia salva vidas: identifica, diagnostica e remove lesões precursoras em um só exame.

📅 Se você tem 45 anos ou mais, ou é um adulto jovem entre 18 a 40 anos que tem fatores de risco pessoais ou familiares, não adie seu rastreamento. A prevenção começa com a informação — e a decisão de cuidar de si mesmo.


📌 Este conteúdo é informativo e não substitui a consulta individual com o seu médico de confiança!

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Este post foi escrito por:

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Dr. Guilherme Afonso

Olá, sou o Dr. Guilherme Afonso, médico há mais de 7 anos, com título de especialista em Clínica Médica pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica e Associação Médica Brasileira. Ao longo da minha trajetória, dediquei-me a proporcionar um atendimento humanizado e integral, com foco em prevenção e tratamento das mais diversas condições de saúde. Além da medicina, estou me graduando em Nutrição, o que amplia minha visão sobre cuidados com a saúde e bem-estar dos meus pacientes.

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Dr. Guilherme Afonso

Olá, sou o Dr. Guilherme Afonso, médico há mais de 7 anos, com título de especialista em Clínica Médica pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica e Associação Médica Brasileira. Ao longo da minha trajetória, dediquei-me a proporcionar um atendimento humanizado e integral, com foco em prevenção e tratamento das mais diversas condições de saúde. Além da medicina, estou me graduando em Nutrição, o que amplia minha visão sobre cuidados com a saúde e bem-estar dos meus pacientes.